O coleguinha de classe não quis dividir o brinquedo?
Nhac! A mãe está grávida de um irmãozinho? Nhac! Ninguém dá a atenção exigida?
Nhac!
Mais do que uma reação de raiva, as
mordidas dadas pelas crianças pequenas, com até 2 ou 3 anos de idade, são uma forma
de comunicação e de expressão de sentimentos. Nessa primeira etapa da vida (fase
oral), a criança ainda não domina a linguagem. Então, a forma que ela tem para
se expressar, para se comunicar e interagir com os outros é pelos meios
físicos, como morder, bater, puxar o cabelo.
A mordida na escola é uma situação
constrangedora para todos os envolvidos. Os pais da criança mordedora sentem-se
muito mal, ficam envergonhados, os pais da criança agredida ficam chateados com
o machucado do filho e sentem-se culpados por deixarem a criança na escola. Já
a escola, por sua vez, tem a difícil tarefa de mediar as relações entre as
crianças e seus familiares, a fim de amenizar os sentimentos negativos da
situação.
A solução é criar situações para estabelecer os
limites dentro da mesma, mostrando para as crianças que devem respeitar os
amigos, tratá-los bem, com carinho e mostrar que a criança machucada fica
triste, que chora por ter sentido dor.
Aos poucos, as crianças vão apreendendo esses
conceitos e descobrindo outras formas de sentir prazer.
Lembrando que o papel do adulto é transformar a atitude corporal em uma atitude mediada
pela linguagem. Esse é um grande objetivo da educação, tanto na escola quanto
em casa.
Como as crianças aprendem a morder?
As crianças não nascem sabendo
dar mordidas, assim como não nascem sabendo dar tapas ou puxar o cabelo. Quem
ensina as crianças a morder, beliscar ou a bater são os próprios adultos e as
crianças mais velhas, conforme explica Marilene Proença, membro da diretoria da
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee) e
professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. "Essas
ações se aprendem na relação com outras crianças, com os adultos. Os adultos
têm esse tipo de brincadeira, dizendo "vou morder você, vou apertar sua
bochechinha". A criança assiste a essas formas de comunicação e a partir
daí vai usando esses meios para se comunicar também" diz Marilene.
Há casos
em que a mordida pode ser sinal de que a criança está com problemas?
"Apesar de, na maioria das
vezes, a mordida fazer parte do desenvolvimento natural da criança, em alguns
casos, este comportamento pode sinalizar um problema de ordem emocional",
diz Rosana Ziemniak, coordenadora de Educação Infantil do Colégio Magister, de
São Paulo. "Se estas mordidas passam a ser frequentes, a criança pode estar
insatisfeita, ansiosa, com sentimento de rejeição ou tentar chamar a atenção
através da agressividade. Quando isso acontece, a família e a escola precisam
acompanhar de perto e com atenção para descobrir as possíveis causas e
dependendo do caso, é importante buscar a ajuda de um psicólogo", explica
ela, acrescentando, porém, que os casos de ordem emocional não são em si a
maioria.
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