Recebi o seguinte texto e compartilho-o com
os leitores. O texto é a tradução de "Can You Spoil a Baby?" por
Merrie-Ellen Wilcox.
Você vai mimar aquele bebê se o segurar todas
as vezes que ele chora! Coloque o bebê no seu berço! Você dá colo demais para o
bebê! Amamentando de novo? Ele vai ficar mimado.
Quantos de nossos bem
intencionados amigos, parentes e até mesmo estranhos não nos deram conselhos
como estes? Em uma cultura que valoriza independência sobre quaisquer outras
qualidades, mimar um bebê é tabu. Bebês mimados, dizem-nos, crescem crianças e
adultos dependentes, manipulativos e geralmente pedantes.
Um bebê que chora não é
“mau”, “manipulativo” ou “difícil”, apenas normal. Como qualquer outro ser
humano, ele necessita de alimento quando está com fome, de companhia quando
está sozinho, estímulo quando entediado, e conforto quando está com dor, tristeza
ou estressado. Embora crianças mais velhas e adultos possam agir com certo nível
cognitivo, pensando sobre o que querem e como consegui-lo, bebês agem em um
nível mais responsivo e seu comportamento reflete necessidades físicas e
emocionais imediatas. O choro é a única forma de comunicação para muitas destas
necessidades. Como o Dr. Minde diz, “o
choro é a único veículo que o bebê dispõe para pedir ajuda.”, “Não está
realizado numa tentativa de manipular ou controlar a casa”, e a única resposta
adequada ao choro de um bebê é “ir a ele e descobrir o que ele precisa”.
Segundo Brenda Hann,
terapeuta infantil no Infant and Toddler family Intervention Programme the West
End Crèche em Toronto, um bebê cujas necessidades não são respondidas não desenvolve
um instinto de confiança básica no seu ambiente e terá dificuldade em formar
laços seguros às pessoas à sua volta. É provável que este bebê também sinta
mais ansiedade para desenvolver mecanismos para defender-se dos sentimentos de
rejeição, como busca de atenção e afetividade em fases mais tardias.
Apenas quando uma
criança começa a desenvolver um entendimento claro de causa e efeito e das
dinâmicas da vida familiar (mais ou menos a partir dos 9 a 12 meses de idade)
que os mimos podem se tornar um problema. A partir de então, os pais devem
diferenciar entre um choro que exige uma resposta imediata e choro que exige
outras respostas, como tempo para que a criança acalme-se por si mesma.
Segundo Hann, é aqui
que os limites tornam-se importantes para desenvolver o senso de segurança da
criança, como uma resposta confiável no primeiro ano. Nos segundo e terceiro
anos de vida, a criança desenvolve seus próprios controles internos e aprende a
manejar sua própria angústia. Limites criados através de rotinas, regras
simples e alguns “nãos” bem colocados aumentam a confiança da criança de que o
mundo é um local seguro e acolhedor. Sem limites, a criança mais provavelmente
tornará-se insegura e ansiosa.
E quanto aos conselhos
não solicitados das avós, amigos e pessoas na fila do supermercado? Dr. Minde
sugere que respondamos a estes avisos contra segurar um bebê que chora, por
exemplo, simplesmente mencionando que hoje existe uma riqueza de teorias e
estudos que dizem o contrário. (Diversos estudos mostram que quanto mais vezes
o choro do bebê é respondido adequadamente pelos pais, menos ele chorará aos
18, 24 ou 36 meses) ou lembre à pessoa que oferece o conselho que cada bebê é
único e você, pai ou mãe, sabe muito bem qual a resposta que ele precisa neste
momento.
Hann, que apesar de sua
especialidade na área viu-se confusa devido aos avisos de não mimar sua filha,
sugere que acolha-se conselhos em geral com parcimônia. “Ouça e siga seus
próprios instintos”. Ao responder à sua criança, levando-se em conta a pessoa
única que ela é e o que ela precisa, você a ajudará e a si mesma a desenvolver
uma forma de intercomunicação pessoal e abrangente.
Conforme você aprende a
apreciar a singularidade de cada relação pai-filho, você ficará menos
suscetível a oferecer conselhos não solicitados a outras mães e pais na fila do
supermercado.